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terça-feira, 31 de maio de 2011

A DEGRADAÇÃO DA MÚSICA BRASILEIRA

Por Cassandra Pontes


O Brasil, considerado um país de oportunidades, diversidades e belezas naturais é orgulho de muito tupiniquins, mas, muitas vezes, é alvo de vergonha e frustração. Não me refiro à politicagem, violência ou futebol, mas sim, à cultura ou falta dela. No Brasil, virou mania valorizar músicas com letras medíocres e escrotas, tornando-as sucesso nas rádios nacionais e programas de televisão. São consideradas as melhores músicas aquelas que tiverem as letras mais escrotas e sem a menor lógica musical, contagiando todos aqueles que não têm defesas naturais contra a mediocridade e o bom senso.
A população é bombardeada ao saírem nas ruas por estilos musicais impostos pela mídia. Infelizmente, a indústria fonográfica brasileira tem produzido muito lixo musical. Não é preciso ser músico para perceber a que ponto a mídia brasileira chegou. Cada vez mais são lançadas duplas sertanejas, grupos de pagode, bandas de forró ou axé que mudam apenas de nome. As letras falam dos mesmos assuntos e utilizam-se dos mesmos acordes.
Foi-se a época em que a música popular brasileira trazia um tipo de mensagem ou teor crítico ao governo, nos educando e nos fazendo refletir sobre a realidade do nosso país. Ao meu ver, música boa não é aquela que relata um ato sexual, nem a que incentiva à promiscuidade masculina e feminina. Mas, infelizmente, é nisto que a música popular brasileira se resume.
Além desses e de tantos outros problemas, vem a questão da música ser um produto do sistema capitalista, não sendo feita com objetivo de ser ouvida, mas sim, para ser um meio de lucro. A indústria brasileira faz a população acreditar que música boa é aquela mais tocada nas rádios. A música, quanto mais fácil de decorar a letra, juntamente com seu ritmo e coreografias grudentas e vulgares, mais torna-se sucesso absoluto. Atualmente, nos deparamos com crianças e adolescentes cantarolando estilos músicas com teor pornográfico e incentivo à bigamia, ao desrespeito à mulher, à prostituição e ao uso de bebidas alcoólicas. As mulheres são chamadas de cachorras, entre outros adjetivos. E como se não bastasse, os pais dessas mesmas crianças são grandes apreciadores esse tipo de música.
Não estou querendo aqui, destacar algum estilo musical como sendo o melhor, muito pelo contrário, defender a qualidade da música brasileira, suas letras e mensagens, ou seja, seu caráter cultural, histórico e ideológico, ao contrário das indústrias fonográficas e dos meios de comunicação.
A variedade musical do nosso país é enorme e está sendo desperdiçada. Um exemplo disto é o nosso samba. Há alguns anos, os sambistas compunham músicas com teores diversos, tais como: o carnaval, desencontros amorosos, a opressão sofrida pelos moradores da favela, entre outros temas. Atualmente, aqueles que dizem cantar samba, cantam pagode romântico e falam do mesmo assunto: amor e relacionamentos desfeitos. É uma pena, pois o samba é um ritmo riquíssimo e que interpreta a vida de maneira belíssima. A impressão que tenho é que as músicas são as mesmas, mudando apenas o ritmo. Não existe mais criatividade nos músicos.
A música sertaneja é outro ritmo que também passou por transformações, ficando melosa, quando antes os compositores falavam sobre a vida do homem no campo, sua ligação com a natureza, contavam causos e também falavam de amor, o que não era o único assunto, ao contrário do que ocorre agora.
O que no restam são nomes como Chico Buarque, Elis Regina, Baden Power, dentre outros cantores e compositores da música popular brasileira que estão tão esquecidos e até banalizados pelas grandes rádios e população em geral.
Apesar de tantos problemas relacionados a nossa música, ainda posso dizer que o que nos resta é uma minoria de pessoas que apreciam a boa música e resistem aos modismos musicais, eternizando a música brasileira em suas mentes.

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