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terça-feira, 31 de maio de 2011

CORA CORALINA - POETISA POR NATUREZA

Por Cassandra Pontes
Ana Lins dos Guimarães Peixoto Brêtas, poetisa goiana, nascida em 20 de agosto de 1889 na casa velha da ponte. Doceira por vocação, poetisa por natureza, desde cedo escrevia poemas sobre o seu cotidiano. “Tragédia na Roça” foi o primeiro poema escrito em 1910, sendo publicado no anuário histórico e geográfico do Estado de Goiás. Estudou apenas até a quarta série. Tornou-se Cora aos 15 anos. Fugiu da cidade de Goiás em 1911 com o advogado Cantídio Tolentino Brêtas e foi morar na cidade de Jaboticabal em São Paulo. Com Cantídio teve seis filhos, quinze netos e dezenove bisnetos.
Cora Coralina se descobriu-se poetisa já bem velhinha. Após uma vida de luta, inclusive com o casamento desastroso que ela carregou corajosamente e, só depois da morte do marido, conseguiu se vê em sua enorme e verdadeira dimensão como poetisa e como mulher. Sua voz era apaixonada, vibrante, transbordava do coração e ganhava emoção ao ritmo da mão.
Cora, Aninha, Anita. Assim era ela: todas em uma só. Pequenininha, franzina e atarefada eterna poetiza, escrevia sob qualquer papel que lhe caísse sob suas mãos. Desde cedo já escrevia crônicas, poesia e contos, que guardava em um diário e a ninguém mostrava. Cora Coralina não teve incentivos literários de sua família. Tudo que a poetisa escrevia era no anonimato para driblar o preconceito dos familiares, que não viam com bons olhos sua vocação desde cedo. Aninha da Lapa adotava o pseudônimo “Cora Coralina”, que significa coração vermelho. Certa vez, pegaram-lhe seu valioso diário e resolveram queimá-lo em sua presença, fazendo-a ficar triste e chorar bastante. Mas o diário foi salvo da fogueira por sua tia que o escondeu, devolvendo mais tarde a sua legítima autora, Cora Coralina.
Naquela época, Cora encontrou muitas as dificuldades, provocações, privações impostas pelos meios sociais, o que a fez lutar muito, sem desistir da vida e fazer o que amava, não desistindo de seu sonho, recriando em suas poesias a sua realidade, o seu cotidiano. Tinha compreensão de que viver lamentando-se não ajudaria em nada. Seu desejo maior era viver a vida, o tempo presente, o que considerava a melhor dádiva divina.
A poetisa ficou famosa após ter recebido, em 1983, uma carta de Carlos Drummond de Andrade. Na carta, Drummond elogiava o seu trabalho, tornando-a conhecida em todo o Brasil, chegando a ser premiada nacional e internacionalmente. Viveu por 96 anos, falecendo no dia 10 de abril de 1985 em Goiânia, Goiás. Suas poesias emocionaram e continuam emocionando muita gente, servindo para orientar e ampliar os horizontes. 

“Assim eu vejo a vida
A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver”. (Cora Coralina)

 


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