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quarta-feira, 1 de junho de 2011

JESSIER QUIRINO – ARQUITETO, POETA E MATUTO

Por Cassandra Pontes


O paraibano Jessier Quirino, nasceu em 1954 na cidade de Campina Grande, Paraíba, sendo filho adotivo de Itabaiana, também na Paraíba, onde reside desde 1983. Quirino tem quatro irmãos e é filho de Antônio Quirino de Melo e Maria Pompéia de Araújo Melo. Formou-se em arquitetura, mas tornou-se poeta devido sua grande vocação, considerando-se matuto por convicção.  

Concluiu o ginásio no Instituto Domingos Sávio e Colégio Pio XI, Campina Grande. Em seguida, fez o curso científico em Recife no Esuda e, posteriormente, ingressou na Faculdade de Arquitetura na UFPB – João Pessoa, tornando-se graduado em 1982. Quirino atua na arquitetura e tem algumas obras espalhadas pelo Nordeste, apesar de sua agenda artística literária sempre tão requisitada.

Jessier é autodidata como instrumentista (violão) e já fez cursos de desenho arquitetônico e artístico. Em se tratando de literatura, não fez nenhum curso e trabalha a rima, a métrica e a prosa, como um simples domador de palavras. Sempre interessado na causa poética nordestina, persegue histórias sertanejas e fatos com olhos e faro rastejador. O poeta é autor de alguns livros como: “Bandeira Nordestina” (poesia e acompanha um pires de CD), “A Folha de Boldo Notícias de Cachaceiros”, “O Chapéu Mau e o Lobinho Vermelho” (infantil), ”Paisagem do Interior” (poesia), “Agruras da Lata D’água” (poesia) e os CD’s: “Paisagem de Interior 1 e Paisagem de Interior 2”, além outros escritos.        

Quirino tem chamado a atenção do público e da crítica, principalmente pela presença de palco e por sua memória extraordinária e grande quantidade de histórias, que vão desde a poesia matuta, impregnada de humor, neologismos, sarcasmo, amor e ódio, até cantorias músicas, piadas, causos, côcos e textos de nordestinidade apurada. Com isto, Jessier vem preenchendo uma lacuna deixada pelos grandes menestréis do pensamento popular nordestino.
Ao contrário dos repentistas que se apresentam em duplas, Jessier mostra-se sozinho feito boi de arado, prendendo a atenção do distinto público. O poeta é dono do seu próprio estilo e pode ser considerado um "domador de palavras”. Os espetáculos têm um fundo musical e o poeta apresenta-se sempre acompanhado de bons músicos, entre os quais, dois filhos: André Correia (violino) e Matheus Quirino (percussão), contando também com mais dois músicos nos espetáculos mais elaborados: China (percussão) e Letinho (violão)  
Jessier Quirino, apesar de muitos considerá-lo humorista, prefere a denominação de poeta. Em suas apresentações, procura mostrar o bom humor e a esperteza do matuto sertanejo sem fugir do lirismo literário e poético. O poeta faz uma espécie de etnografia poética dos valores, utensílios, hábitos e linguagem do sertão nordestino e do agreste.
Segundo o poeta e ensaísta Alberto da Cunha Melo, sua obra, além do valor estético cada dia mais comprovado, vai futuramente servir como documento e testemunho de um mundo já então engolido pela voragem tecnológica.
 

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